Qual é a cara da felicidade no país da ansiedade?
Segundo o World Happiness Report de 2021, que avalia o ranking de países mais felizes do mundo antes e no pós-pandemia, o Brasil aparece em 41° – antes, o país ocupava a 28° posição na lista que tem a Finlândia como primeira colocada. Já de acordo com a Organização Mundial da Saúde, em 2019, o Brasil era o país com maior índice de ansiedade no mundo e, em 2020, um levantamento da IPSOS, líder global em pesquisa de mercado, com 16 países constatou o Brasil como o país que mais sofria de ansiedade devido a pandemia.
Mas o que é a felicidade? Podemos nos permitir felicidade em tempos tão incertos e ansiogênicos? Essas questões, que tomaram conta das nossas vidas nos últimos tempos, também guiam o report inédito “Qual é a cara da felicidade no país da ansiedade?”, realizado pela Tempo2, empresa focada em projetos de pesquisa e consultoria locais e globais, para clientes locais e globais. Com abordagem qualitativa, o novo projeto autoral da empresa busca olhar além do contexto externo e descobrir quais emoções permeiam o bem-estar dos brasileiros e a busca por qualidade de vida.
Foi observando a dualidade ansiedade versus felicidade que a Tempo2 optou por aprofundar o olhar para o assunto neste momento de pandemia:
“Sempre olhamos para o zeitgeist e queremos iniciar conversas sobre os assuntos que nos interessam além do mercado. Em 2020, primeiro ano da pandemia, tivemos o lar como foco e ponto de partida; já no ano passado, o lado emocional aflorou e, sendo o Brasil um país ansioso, o que isso significa nesse momento?”, instiga Denise Oliveira, co-fundadora da Tempo2.
A pesquisa, a terceira autoral da empresa, foi desenvolvida a partir de um processo em duas etapas: a análise de materiais disponíveis em formato de texto e vídeo e entrevistas com quatro especialistas brasileiros com foco em neurociência e psicologia positiva, alimentação e nutrição integrativa, trabalho e psiquiatria. Simone Fuso, Andrezza Botelho, Pedro Salomão e Pedro Beria foram profissionais que contribuíram para o report, que levou quatro meses para ser construído.
Entre os múltiplos aprendizados sobre ansiedade e felicidade e questões sobre trabalho, a criatividade, a pausa e o descanso levantadas ao longo do projeto, Denise destaca que “entendemos que viver bem depende da qualidade de nossos pensamentos tanto quanto da nossa presença e atitudes na vida, dia a dia e que há um paradoxo: muito possivelmente a ‘busca pela felicidade’ nos distancia do contentamento e da satisfação de viver a vida dia a dia e que traz à tona um estado de bem estar perene”.
Abaixo destacamos alguns dos aprendizados e insights que surgiram a partir do report “Qual é a cara da felicidade no país da ansiedade?”, que pode ser acessado na íntegra no site da Tempo2 (https://tempo2.com.br/indexPT.html).
Aprendizados sobre Ansiedade
Pedro Beria, especialista em psiquiatria, consultado na pesquisa, provoca que “evolutivamente, biologicamente, a ansiedade é uma emoção de preservação da espécie”.
As conversas com os especialistas ainda trouxeram outros aprendizados no que entendemos por ansiedade: uma emoção antecipatória, que ajuda a nos prepararmos para o futuro, uma emoção que tem a sua função e que é normal todo ser humano sentir em algum momento de maneira funcional para ficar alerta e dar mais importância a alguma coisa.
E que a instabilidade e as incertezas sociais, políticas e econômicas no Brasil sem dúvida formam um pano de fundo que alimenta a ansiedade em muita gente, mas como cada um vai lidar com isso e interpretar este contexto, depende da disposição e das ferramentas ao alcance de cada qual.
Aprendizados sobre Felicidade
“A pessoa que acha que ser feliz é não ter problema, ela nunca vai ser feliz”, diz Simone Fuso, especialista em neurociência e psicologia positiva, em entrevista para a pesquisa da Tempo2.
Andrezza Botelho, especialista em alimentação e nutrição integrativa que também foi ouvida no report, lembra que “a gente está numa era da obrigatoriedade da felicidade, ‘você é obrigado a ser feliz’. Você não é obrigado a ser feliz. (…) Eu acho que esses momentos de não-felicidade, eles devem ser acolhidos também (…) Tem horas que você não está feliz, e tudo bem”.
Entre outros aprendizados sobre felicidade do report está que estar feliz vai além de sentir alegria e emoções positivas como tranquilidade, satisfação e prazer. Resiliência, sensação de auto-eficácia e confiança podem sustentar um estado generalizado de felicidade, mesmo quando surgem dificuldades, tristezas e desafios. Valorizar e vivenciar o momento presente é semear um campo fértil e sustentável de felicidade. “A gente sente o que a gente pensa sobre as situações e não as situações em si”, diz um dos trechos da pesquisa.
Cotidiano, Trabalho e Alimentação
Para Simone Fuso, ter objetivos práticos e alcançáveis, é uma das chaves para o cotidiano. “Uma dica para lidar com o dia a dia, não só em pandemia, mas na vida da gente, é a gente colocar pequenas metas, porque a gente conclui e a gente fecha o ciclo daquelas, fecha o ciclo da próxima”, observa.
Já Pedro Beria destaca a importância de ser grato: “Então, se todo dia, no final do dia ou no início do dia, eu vou elencar três coisas pelas quais eu posso agradecer que aconteceram comigo nas últimas 24 horas, eu passo a ensinar a minha mente a prestar mais atenção no que pode me gerar gratidão. Geralmente a gente tem muito mais motivos para agradecer do que para contestar perante a vida, só que a gente presta mais atenção aos outros”.
Autocuidado, Pausa e Descanso
Entre os aprendizados do report também estão a importância do autocuidado e do descanso, além de trabalhar a conexão com as atividades do presente. Os especialistas ainda deixaram algumas dicas para esses momentos:
– Completar ciclos de atividades, se programar para realizar um número realista de tarefas para que de fato possam ser concluídas dentro do tempo disponibilizado traz bem-estar;
– Criar o hábito de programar pequenas pausas ao longo do dia para que o corpo e a mente se beneficiem e possam retornar às demandas com vigor;
– Descobrir quais atividades permitem conexão com o corpo e são prazerosas;
– Despertar e dormir em horários regulares;
– Tempo alocado para cuidar de si não é “tempo perdido”; falta de autocuidado impacta toda a cadeia para um bom funcionamento cotidiano;
Trabalho e Lazer
E quanto a vida profissional? Os formatos de trabalho mudaram bastante, porém, independente do cenário atual, as qualificações e os resultados formais das pessoas têm sido mais valorizados do que as habilidades interpessoais, o que implica em um paradoxo sendo que independente do trabalho ser presencial ou remoto, na maioria das vezes, as atividades laborais requerem se relacionar com outros. E em um cenário de instabilidade e incertezas sociais, em que a ansiedade atinge cada vez mais a sociedade – como “vivenciar” a felicidade de forma plena?
Entre os insights estão: trabalhar com dedicação é essencial para o bem-estar, assim como concluir tarefas, mas trabalhar em excesso pode ser um sinal de outras áreas importantes da vida estarem disfuncionais. E lembrar que resultados e metas são importantes para a sensação de evolução, mas pessoas não são máquinas e precisam ter boas relações, redes de apoio e atividades que os permitam florescer no trabalho e no lazer.
Criatividade
Algo que foi comprovado pelo report é que estar no mesmo ambiente por longos períodos é ansiogênico para o ser humano. A reclusão e a sensação de monotonia não são condizentes à criatividade, porém, a criatividade é essencial para quebrar a inércia.
Além disso, o bem-estar pode ajudar a gerar novas ideias e formas de viver o dia a dia. Pensar formas diferentes de exercer atividades cotidianas é uma forma de ser criativo.
Sobre a Tempo2
Criada por Chris Michelassi e Denise Oliveira, a Tempo2 tem como objetivo criar momentos de reflexão, atuando como consultora em projetos estratégicos locais e globais, para clientes locais e globais. Com mais de 15 anos de experiência, a Tempo2 tem uma rede sólida de parceiros em diferentes regiões e atua com foco em projetos qualitativos. Entre suas expertises, metodologias estabelecidas e novas formas de entender a dinâmica de mercado, com abordagens digitais pontuais, em domicílio, etnografias e exploratórias.
Com olhar contemporâneo, a Tempo2 foi desenhada para auxiliar empresas a compreenderem comportamentos de consumo e o contexto macro, que fazem expandir o dia a dia de seus negócios.
Denise Oliveira
Cofundadora da Tempo2, Denise tem mais de 15 anos de experiência em propaganda e comunicação, liderando estratégias para marcas locais, regionais e globais. Possui vasta experiência em estratégias de marca e inovação em segmentos como alimentos, bebidas, beleza, cuidados com a casa, saúde e bem-estar, e entendimento contemporâneo da feminilidade.