Nova diretoria da ARP visa dar visibilidade e protagonismo a profissionais negros no mercado
30 de abril de 2021

Nova diretoria da ARP visa dar visibilidade e protagonismo a profissionais negros no mercado

A Associação Riograndense de Propaganda (ARP), que completou 65 anos de atuação recentemente, vem se reinventando através dos anos, na busca de acompanhar e também protagonizar mudanças no mercado da comunicação. Na ressignificação da sigla, que ocorreu no início da gestão de Liana Bazanela – a primeira mulher a presidir a entidade –, a letra “P” ganhou outro tom: de “pessoas”. Nessa linha e com esse foco, vários projetos foram lançados pela associação. A criação da Diretoria de Equidade Racial e Futuros, anunciada no último dia 26, é uma dessas iniciativas.

A Relações Públicas, pós-graduada em Marketing e Mestre em Educação, Patricia Carneiro, está à frente dessa diretoria. Planner e estrategista de negócios e marcas há mais de 20 anos, ela tem passagens por clientes e grandes agências de comunicação, como Matriz, Escala, Competence/Sunbrand e Leo Burnet Taylor Made (SP). Já ganhou diversas premiações na área de Planejamento e de Marketing, e é co-founder e ex-presidente do Grupo de Planejamento do RS (GPRS).

Como primeiras iniciativas, a diretoria pretender gerar um programa pró-equidade racial para possibilitar e impulsionar a inclusão de jovens negros e negras nas agências, formando parcerias com cursos e profissionais para mentoria. “Precisamos construir uma indústria criativa gaúcha que esteja conectada ao futuro. Estamos falando de 56% da população brasileira. E onde estão?”, questiona Patricia, que fundou a Plann Inteligência, Estratégia e Branding, e atualmente gerencia junto à agência White Rabbit Trends, de São Paulo, um projeto de pesquisa para o Itaú Cultural e Fundação Tide Setubal.

Conforme Patricia, há uma narrativa emergente impactando o universo das empresas e corporações sobre equidade racial e futuro do trabalho, e o mercado gaúcho não pode ficar alheio a essas mudanças. Seu objetivo é construir um programa que sirva como legado da ARP para a comunicação e criatividade. “Queremos ir além do discurso da diversidade e representatividade: estamos trabalhando em iniciativas articuladas para reconhecer, valorizar, acolher, desenvolver e inserir mais pessoas negras no mercado”, explica.

A presidente da ARP, Liana Bazanela, reforça as afirmações de Patrícia, a quem convidou para fazer parte da diretoria da entidade. “Trabalhar esse tema é agir para construir um cenário melhor no futuro. A diversidade, pauta tão importante e que tem sido foco das nossas iniciativas nos últimos anos, passa também pela equidade racial. Ela é fator de desenvolvimento cultural, humano, econômico e social. Precisamos, queremos e podemos fazer parte dessa transformação”, afirma.

A nova diretora avalia que equidade racial é um conceito que precisa ser disseminado para desarticular o racismo estrutural. “O Brasil foi o país que aboliu mais tarde a escravidão no mundo. E quando o fez articulou um sistema estrutural de opressão, invisibilidade e supressão de direitos às pessoas escravizadas e seus descendentes. Então, igualdade não basta… Como ser igual se a população parte de bases desiguais?”, conclui ela.

Por acreditar em inteligência coletiva, Patricia também está formando um comitê com profissionais negros com alta relevância no tema. São eles: o publicitário e consultor Leo Ribeiro, a publicitária Louine Dandara e a psicóloga e consultora institucional Caroline Damazio.

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